O que você deve saber sobre o Consenso de Washington
- thaisfasousa
- 12 de abr. de 2018
- 3 min de leitura
Você sabe o que foi o Consenso de Washington e como ele influencia a América Latina atual? Então, ao final da década de 1980, o mundo experimentou o surgimento de um novo sistema intitulado Neoliberalismo, o qual trazia consigo uma estratégia de desenvolvimento que fora batizada como Consenso de Washington. Tal projeto acusava que os países latino americanos se encontravam em crise devido às suas políticas econômicas, particularmente, aos esforços de industrialização via substituição de importações e à participação ativa do Estado na economia (PONCE, 2005).
Em outras palavras, o Consenso de Washington pretendia que as causas da crise da América Latina fossem eliminadas junto com a excessiva intervenção do Estado. Eles apoiavam um sistema de preços livres e a aproximação dos mercados internacionais por parte dos Estados latino-americanos. Com isso, uma nova estrutura econômica deveria surgir para desenvolver tais países a fim de que se tornassem economias globais (VERGARA, 2003).
Para tanto, a receita do Consenso de Washington para atingir o crescimento econômico almejado baseava-se em medidas como:
· Redução dos gastos públicos
· Reforma tributária
· Juros de mercado
· Câmbio de mercado
· Abertura comercial
· Investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições
· Privatização das estatais
· Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas)
· Direito à propriedade intelectual

Em resumo, podemos entender que, para os formuladores do Consenso de Washington, a crise na América Latina era fruto do modelo industrializados substitutivo de importação. Dessa maneira, tal Consenso alegava ter a receita para acabar com a vertiginosa queda das economias, estabelecendo novas diretrizes a serem seguidas pelos Estados para atingir o crescimento econômico anelado (ACOSTA, 2006). Este crescimento econômico seria proporcionado por instituições como:
· Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)
· Fundo Monetário Internacional (FMI)
· Bando Interamericano de Desenvolvimento (BID)
· Banco Mundial (BM)
Além das instituições citadas, o governo dos Estados Unidos, traria a visão neoliberal da nova política econômica, a qual velaria principalmente pelos interesses do capital, e não da sociedade, representados pelas instituições radicadas especialmente em Washington.
No entanto, apesar do descomunal esforço realizado em condições internas adversas, como a queda dos preços das matérias primas e o enfrentamento a um mercado mundial cruzado por protecionismos de diversas índoles, a “América Latina se afundou paulatina e conscientemente em uma profunda recessão” (PONCE, 2005, p. 43).

Você sabe quais foram as consequências mais críticas do Consenso de Washington? Foram as que atingiram diretamente à sociedade. Um exemplo que podemos citar, é o caso do Equador, o país teve que manter as obrigações com as instituições internacionais em detrimento do investimento social no país, uma vez que os recursos estavam paralisados em função do processo inflacionário e a aguda crise econômica (BONILLA, 2002).
As políticas sociais, além da limitação em seus recursos, permaneceram adoecidas e intrinsicamente interligadas aos alinhamentos do Consenso de Washington, de tal forma que a estratégia de desenvolvimento social adquiriu um caráter residual e marginal segundo Maldonado (2004), limitando-se, na prática, ao fornecimento de serviços básicos como educação, saúde e vivenda de péssima qualidade ou compensações monetárias aos setores mais excluídos pelas políticas de ajuste estrutural, afastando-se, assim, do reconhecimento dos direitos sociais universais.
Com isso, esse novo modelo de desenvolvimento proposto pelos Estados Unidos começou a sofrer questionamentos por parte da população.

Embora, caro leitor, tenha passado o tempo da aplicação das políticas de ajuste estrutural e promoção de exportações na América Latina, inspiradas no Consenso de Washington, a maior parte dos países da região não conseguiu superar a crise econômica (MALDONADO, 2004).
As amplas reformas econômicas derivadas do Consenso de Washington, aplicadas em países de América Latina durante a década de 1990, indicam hoje uma sensação generalizada de insatisfação entre a população e os atores sociais, estando à procura de novas opções que garantam maior crescimento sustentável, com equidade e, principalmente, um paradigma aplicável às respectivas realidades domésticas das nações subdesenvolvidas (BÉJAR, 2004).
Nesse contexto, podemos analisar que o Consenso de Washington foi uma ideia importada e não condizente com a situação econômica dos países da América Latina no que diz respeito à falta de preparação para a brusca abertura de mercado e a marginalização da questão social como responsabilidade do Estado, entende-se que “o Consenso de Washington, que lançou as diretrizes da globalização financeira, seria uma etapa do processo de colonização. Em verdade, a culminação do processo de desenvolvimento histórico de padrão de poder” (OLIVEIRA, 2014, p. 115).
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