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Uma Referência Bem Construída e sua Importância no Texto Publicitário

  • carlos.cravo
  • 8 de abr. de 2018
  • 6 min de leitura

O CONCEITO DE REFERÊNCIA


O SENHOR ESTÁ DORMINDO, SEU 05?


O conceito de referência, do português: R-E-F-E-R-Ê-N-C-I-A, diz respeito à construção ou desenvolvimento de ideias através de processos de associação/alusão. Os processos em questão, e suas contribuições para a elaboração eficiente de Textos Publicitários, são os assuntos que vamos discutir a partir de agora. Prepare seu corpo e sua alma, mantenha a sua atenção no texto e tente não explodir o seu pelotão.


QUEM QUER RIR...TEM QUE FAZER RIR.


Deixando as piadas infames de lado, a construção de uma referência, na maioria das vezes, não difere do exemplo mostrado acima. Basta que você tenha algo a ser comunicado, um determinando público para a sua mensagem, além de uma proposta que, somada ao seu texto, consiga potencializar a sua intenção de comunicação com o grupo em questão. É importante, e anote isso aí, que a referência utilizada seja conhecida pelas pessoas e que haja correspondência entre o conteúdo adotado pela menção e aquilo que se deseja comunicar.


NUNCA SERÃO


E vale deixar claro que as referências não são formadas de modo aleatório. O primeiro parágrafo deste texto, que parte de alusão feita ao filme "Tropa de Elite", teria outra estrutura e determinaria, caso utilizasse outros conteúdos para a sua composição, um seguimento diferente para o texto. Vale lembrar que a referência também serve para expressar as intenções do autor em relação ao seu interlocutor. Resumindo o velório: o Capitão Nascimento conta com a atenção de sua Tropa. Eu, através da adaptação do discurso simpático e afetuoso do personagem, expresso o desejo de que o meu leitor tenha a mesma atenção durante a leitura do texto. Então, aspira, continue atento!


Capitão Nascimento. Tropa de Elite. 2007.
Já falei que vai ter que ler esse texto aí.

REFERÊNCIA NO TEXTO PUBLICITÁRIO


SENTA QUE LÁ VEM A HISTÓRIA


O Texto Publicitário, responsável pela divulgação de marcas, produtos ou serviços, deve estabelecer uma comunicação bem-sucedida entre aquilo que se deseja anunciar e um determinado público-alvo. A estrutura do Texto Publicitário, assim, deve possibilitar a conexão entre as mensagens transmitidas pela campanha e o grupo de pessoas almejado como público. Bem, e as referências? Elas funcionam, portanto, como instrumentos de facilitação do percurso que a ideia segue para encontrar o seu alvo.


COMO A FRUTA DENTRO DA CASCA


Machado de Assis, em digressão para explicar o sentido do termo “referência”, compararia o conceito, e sua consequente relação com o repertório cultural das pessoas, a aves criadas em dois vãos de telhados contíguos. Imaginaria, depois, o resto: as aves emplumando as asas e subindo ao céu, e o céu mais largo para contê-las. O trecho acima, que também descreve o desenvolvimento da relação entre Bentinho e Capitu, expressa o quão intrínsecos devem ser os caminhos seguidos pela mensagem e pelo repertório cultural do público. Não existe produção de referência, caro leitor redator, sem a assimilação do conteúdo pelo grupo de interesse. 


O SOL HÁ DE BRILHAR MAIS UMA VEZ


É claro que a produção de referências, ainda que se exija repertório cultural do redator, está longe de ser algo intangível para um jovem gafanhoto redator iniciante. É preciso, no entanto, que o responsável pela elaboração da mensagem conheça o público que deseja abordar como alvo. Referências bem construídas apoiam-se não apenas na identificação da ideia pelo público, mas no reconhecimento de sua utilização como algo adequado / agradável. Boas referências, no contexto da Criação Publicitária, são aquelas que posicionam determinada marca, produto ou serviço de modo favorável no imaginário das pessoas. É o que vamos abordar no próximo tópico deste texto.


EXEMPLO DE CAMPANHA


VOCÊ FILMOU ISSO, MARTY?


Agora que a gente já discutiu o conceito de referência e a importância de sua adequada utilização nos Textos Publicitários, chegou a hora de mostrar um exemplo de campanha que soube utilizá-la em sua criação. Nem preciso dizer que a lista é bastante extensa. Nossa análise, por isso, vai focar em um anúncio bastante peculiar. Vou levá-lo de volta à distante década de 1990. Pegue, portanto, todo o plutônio possível, abasteça o seu DeLorean e não se esqueça de separar a ração do Einstein. A gente pode não voltar para o presente!


Marty McFly. De Volta para o Futuro. 1985
Você filmou isso, Marty?

É QUE EU PREFIRO EVITAR A FADIGA POLÊMICA


O ano era 1995. Enquanto José Saramago publicava o Ensaio sobre a Cegueira, o Kid Abelha construía a sua casinha de sapê e as mulheres suspiravam pelo lendário Cigano Igor, Washington Olivetto, no comando da W / Brasil, lançava um anúncio que passaria anos no imaginário das pessoas. Já adianto que o objetivo destas considerações passa bem longe de discutir se o anúncio é, sob o ponto de vista moral, adequado ou não. O foco da discussão está na observação das referências utilizadas pelos idealizadores da campanha.


I HAD THE CRAZIEST DREAM


Recebendo o título de "Sonhos", o comercial em questão foi desenvolvido para a Garoto. O filme, com cerca de dois minutos e meio, mostra um grupo de garotos e a interação estabelecida com as meninas. Interessante destacar que, mesmo ilustrado com situações cotidianas, o anúncio soube arquitetar uma atmosfera lúdica para caracterizar, através do ponto de vista daqueles garotos, o período de transição entre infância e vida adulta. O caráter lúdico do anúncio, em grande parte, ganha destaque a partir da trilha sonora utilizada para o vídeo. Alerta de Spoiler: a trilha sonora é o assunto do parágrafo seguinte.



SOBRE MENINOS E LOBOS SONHOS


O próprio Olivetto admitiu ter idealizado o comercial depois de ouvir Had The Craziest Dream, música interpretada por Frank Sinatra. É impossível, compreendido o sentido da letra e o propósito do anúncio, dissociá-los. Cabe acrescentar que o filme, em virtude da ausência de locuções em sua maior parte, conta com a integração entre música e vídeo para contar aquilo que deseja transmitir. A escolha da música, aliás, que fala a respeito de um amor limitado ao campo dos sonhos, não poderia descrever de maneira mais eloquente o universo fantasioso que os garotos costumam, sobretudo na faixa etária apresentada pelo anúncio, criar em relação ao sexo oposto.


EMPATIA É TUDO


As referências, no âmbito publicitário, ainda contribuem para que laços de empatia sejam estabelecidos entre determinada campanha e seu público-alvo. O anúncio em questão, que termina com a promessa de que os bombons contribuiriam para a realização dos sonhos dos garotos, conta com a empatia de grande parte do público, algo que se percebe através dos comentários que o vídeo recebeu no Youtube. Os comentários em questão, de modo geral, expressando as reminiscências dos inscritos em relação ao período apresentado pelo vídeo, costumam relatar experiências semelhantes àquelas vivenciadas pelos garotos da peça publicitária. Cabe destacar, ainda, que o comercial da Garoto possui mais de quinhentas mil visualizações na plataforma em tela.


Comercial Garoto. 1995
Comercial Garoto. 1995

O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE ARTIGO RECOMENDA


 Recomendo o anúncio para o amigo redator. Só não aconselho que o colega faça uso da dica como parte de um programa em família. Adianto, pelo conhecimento adquirido através dos comentários relativos ao vídeo, que a experiência pode ser bem constrangedora.


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

JÁ ACABOU, JÉSSICA?


"Tudo acaba, leitor; é um velho truísmo, a que se pode acrescentar que nem tudo o que dura, dura muito tempo." Você percebe que precisa encerrar o texto quando cita Machado de Assis pela segunda vez. Chegou a hora, portanto, de deixar a década de 1990 e voltar para o presente das Considerações Finais. Sigam-me os bons. 


Já acabou, Jéssica?
Já acabou, Jéssica?

É HORA DA REVISÃO


Você aprendeu, no Telecurso de hoje material que tomamos para discussão, que as referências constituem um fator extremamente importante para que os Textos Publicitários sejam elaborados de modo eficiente. Uma referência, como já destacado, além de funcionar como uma espécie de ponte entre conteúdo apresentado e público-alvo, contribui, quando construída de maneira adequada, para que determinada informação seja acrescida de valores positivos para o público.


TUDO QUE RELUZ É OURO REFERÊNCIA


Tudo é referência. Engana-se quem fica limitado às vertentes mais eruditas da cultura. Informações de todas as naturezas estão presentes no cotidiano das pessoas. Identificá-las e utilizá-las de modo adequado, estabelecendo comunicação entre determinada informação e seu público-alvo, é um exercício diário para a Publicidade. É por isso que o profissional da área não pode economizar o esforço de conhecer o mundo onde vive. O esforço em questão é determinante para a qualidade de seu trabalho.


UMA ÚLTIMA CONSIDERAÇÃO


Curtindo a Vida Adoidado. 1986
Curtindo a Vida Adoidado. 1986

"A vida passa rápido demais; se você não parar de vez em quando, para viver a vida, acaba perdendo o seu tempo". Espero que você tenha entendido os conceitos e as referências que este artigo mencionou. Desejo, caro redator, que os conteúdos possam auxiliá-lo não apenas durante a execução de seus trabalhos, mas ao longo de sua carreira no mercado Publicitário. Então, sem mais enrolação, obrigado pela presença. Isso é tudo, pessoal!

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Ainda está aí? Já acabou. Desliga a televisão o computador. Pode ir embora. Vai!


Curtindo a Vida Adoidado. 1986
Vai...tem mais texto no Blog!!!!



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